quinta-feira, 19 de abril de 2012

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Falando sobre piometra...


· O que é?

A piometra é a doença do sistema reprodutor que mais atinge fêmeas caninas. Corresponde a um processo inflamatório do útero, associado a dois hormônios femininos, o estrógeno e, principalmente, a progesterona. Acomete animais de qualquer idade, adultas a idosas, sendo mais incomum o acometimento de gatas. Não há predisposição racial e em animais jovens sua ocorrência relaciona-se ao uso de contraceptivos. O fato da fêmea já ter tido filhotes não exclui a possibilidade de desenvolvimento da doença.

Está associada ao período de diestro destes animais, que corresponde em média aos 70 dias após o término do cio, no qual há uma predominância da ação do hormônio progesterona. A ação repetitiva deste hormônio sob o útero leva ao desenvolvimento da doença. São fatores predisponentes o uso de contraceptivos, cios irregulares e a gravidez psicológica (pseudociese).

A piometra em gatas é menos frequente, pois o tecido luteal se desenvolve apenas se houver cópula ou ovulação induzida artificialmente, sendo assim, o útero não sofre a mesma influência da progesterona como nas cadelas. No entanto, o uso de progestágenos nos quadros de dermatite endócrina aumenta a incidência da doença nesses animais.


·Como se desenvolve?

Durante o diestro o útero permanece influenciado pela progesterona produzida por corpos lúteos ovarianos. Este hormônio estimula o crescimento e a secreção das glândulas do endométrio (membrana mucosa que reveste a face interna do útero), com a exposição repetitiva do útero à alta ou prolongada produção de progesterona, o endométrio torna-se espessado, edemaciado e com cistos, caracterizando a hiperplasia endometrial cística, a qual precede a piometra.Com o desenvolvimento da hiperplasia endometrial cística as glândulas uterinas produzem mais secreção e, também por ação da progesterona, diminui a capacidade de contração da musculatura, mantendo todo esse fluido acumulado no útero, desenvolvendo a muco ou hidrometra. Quando este fluido se torna infectado por bactérias, evolui para a piometra.

O uso de contraceptivos progestágenos, também pode levar ao desenvolvimento da hiperplasia endometrial cística e consequentemente à piometra. Contraceptivos a base de estrógenos aumentam o número de receptores uterinos de progesterona, portanto, também aumentam a incidência de ocorrência da piometra.Vale ressaltar que o estrógeno isoladamente não causa a piometra, mas aumenta a incidência da mesma.

Sob influência da progesterona o útero inibe a resposta dos leucócitos (células de defesa) contra bactérias, favorecendo a instalação das mesmas. A bactéria Escherichia coli é a mais comumente encontrada nestas infecções. Microrganismos da flora vaginal normal desenvolvem-se de forma oportunista, podendo ser isoladas ainda bactérias do trato urinário. A infecção quando não tratada leva a morte.Há duas formas para a ocorrência da doença: piometra aberta ou fechada. A cérvix é o meio de comunicação do útero com a vagina, quando relaxada ou desobstruída, observa-se corrimento vaginal, os cornos uterinos permanecem em volume normal ou pouco aumentados, caracterizando a piometra aberta. Quando a cérvix se mantém fechada não há corrimento vaginal, os cornos uterinos ficam aumentados de volume, caracterizando a piometra fechada, uma forma mais séria da doença.

Este corrimento tem intensidade variável em relação a abertura ou não da cérvix, e coloração variando de amarela-acinzentada a amarronzada com odor fétido.

Tumores ovarianos produtores de hormônios também podem levar ao desenvolvimento da piometra.

Animais com secreção mucóide durante diestro podem apresentar hiperplasia endometrial de grau leve, sendo candidatas ao desenvolvimento da piometra futuramente.

·Sinais clínicos

O animal pode apresentar: corrimento vaginal purulento ou sanguinolento; aumento de volume abdominal; letargia;apetite seletivo ou anorexia; aumento da ingestão de água (polidipsia); aumento dafrequência e volume da micção (poliúria); sinais gastrointestinais como vômito e diarréia; perda de peso; e nem sempre apresenta febre.

Com a evolução da doença os animais tendem a ficar desidratados e intoxicados, se não tratados podem desenvolver sepse (infecção generalizada).

Como complicações do quadro o animal pode desenvolver hipoglicemia (queda da glicose sanguínea), alterações nas funções dos rins e do fígado, anemia e alterações cardíacas.

· Como é dado o diagnóstico?

Diante de corrimento vaginal purulento, associado ao histórico de cio recente e demais sinais clínicos, podemos ter o diagnóstico de piometra aberta apenas com o exame clínico.

        Quando não há corrimento vaginal, o diagnóstico pode ser dado por raio-x ou ultra-som, sendo o segundo a melhor escolha por avaliar não somente se há aumento do volume uterino, mas também as características deste.O raio-x não permite que o aumento de volume do útero seja diferenciado entre piometra e gestação com menos de 42 dias, quando a calcificação dos esqueletos dos fetos ainda não é visível ao exame.

Cio prolongado, porém com características normais, pode ser um indício de hiperplasia endometrial cística e nestes casos também deve ser realizado ultra-som para diagnóstico e intervenção precoces.

Exames de sangue como hemograma podem evidenciar um quadro infeccioso, tendo valores mais altos quando a piometra é fechada. Em casos de sepse as células de defesa podem estar diminuídas, em alguns casos a contagem de células pode estar normal. Sendo, assim, um hemograma normal não exclui a possibilidade da doença.

· Como tratar?

O tratamento medicamentoso não é indicado, exceto para animais reprodutores valiosos, salvo suas contra-indicações. O indicado é que o animal passe por procedimento cirúrgico o mais rápido possível associado à terapia médica. Deve ser realizada a extração do útero e dos ovários e o animal medicado corretamente após o procedimento.

A piometra não tratada leva ao óbito e animais que não são submetidos a cirurgia, respondendo a terapia médica apenas, tendem a ter recidiva do quadro.

· Concluindo...

Devido ao fato de ser uma doença muito comum e grave, recomenda-se que fêmeas não reprodutoras sejam castradas o quanto antes, evitando-se assim o desenvolvimento da piometra no futuro.

Os proprietários devem ter controle das datas dos cios para estar ciente da regularidade do mesmo, assim como observar se o fluxo de sangue está normal, com características normais, podendo assim reconhecer o aparecimento da doença ainda no início.

O uso de contraceptivos deve ser evitado sempre. Realizar a castração precoce das fêmeas evita que a mesma seja exposta ao risco de uma cirurgia de emergência e ainda contribui para o não desenvolvimento de tumor de mama, sendo a castração eletiva a melhor forma de evitar a piometra.

Diante da doença já instalada o proprietário deve procurar um profissional de sua confiança para a realização da cirurgia. A idade do animal não deve ser um fator que impeça a realização da mesma, sendo importante que sejam realizados exames pré-cirúrgicos que revelem o estado geral do animal para que se tenha a conduta mais adequada durante e após a cirurgia e que se utilize uma anestésia segura, como a anestesia inalatória.



FOSSUM, T.W.Cirurgia de pequenos animais. 2ª edição,2005, editora ROCA. Págs.638-644.

SANTOS, M.M., FRAGATA, F.S..Emergência e terapia intensiva veterinária em pequenos animais – bases para o atendimento hospitalar. 1ª Edição, editora ROCA. Págs.335-337.

MARTINS,D.G. Complexo hiperplasia endometrial cística/piometra em cadelas: fisiopatogenia, características clínicas, laboratoriais e abordagem terapêutica. Jaboticabal, 2007. Disponível em: www.fcav.unesp.br/download/pgtrabs/cir/m/2998.pdf. Acesso em 01/04/2012.

terça-feira, 3 de abril de 2012

Dica: Cebola e alho podem intoxicar cães e gatos!

O consumo excessivo de cebola e alho pode intoxicar cães e gatos. Ambos possuem compostos sulforados que causam lesões na superfície das hemácias (células vermelhas do sangue), levando ao rompimento das mesmas e causando anemia hemolítica nestes animais. Gatos são mais suscetíveis a essa intoxicação e a cebola tem um maior potencial tóxico em relação ao alho. Alguns proprietários de cães e gatos têm o costume de fornecer aos seus animais alimentos caseiros e devem ter o cuidado ao adicionar cebola e alho como tempero. Alimentos industrializados, como papinhas de bebê, podem ter como palatabilizantes estes componentes, podendo ser uma fonte de intoxicação. Os animais acometidos podem apresentar anemia, vômito, diarréia, dificuldade para respirar e cansaço.Diante deste quadro, procure um veterinário de sua confiança.
 
 
Referência: NOGUEIRA.R.M.B., ANDRADE, S.F..Manual de Toxicologia Veterinária, .págs.230-231, Editora ROCA, 2011.Posted by Picasa