domingo, 24 de março de 2013

Gastrite em cães e gatos




     Nossos pets também podem sofrer de gastrite, que nada mais é que uma inflamação da mucosa do estômago, a qual pode ser aguda ou crônica e tem como principal sintoma o vômito com início súbito, constituído de alimento e bile, podendo haver pequena quantidade de sangue. Os cães são mais acometidos que os gatos por selecionarem menos os alimentos.
   A gastrite aguda pode ser causada pela ingestão de alimentos contaminados, alimentos fermentáveis e não-digeríveis, objetos estranhos, plantas tóxicas, substâncias químicas ou fármacos, principalmente os antiinflamatórios não esteroidais de uso humano, como o diclofenaco, o qual JAMAIS deve ser usado em animais de companhia, e até mesmo ser decorrente de hemorragia da cavidade oral. Sabe-se que pode ter causas infecciosas, virais e bacterianas, porém, em medicina veterinária isso não foi bem identificado. 
    Entre os sintomas de gastrite aguda estão o vômito, como já dito anteriormente, depressão, letargia, pode haver dor abdominal anterior, consumo excessivo de água e desidratação. A diarreia pode acompanhar ou ocorrer após a gastrite.
    O diagnóstico é dado pelo histórico do animal e pelo exame físico. Nestes casos o animal deve apresentar melhora dentro de 1 a 3 dias após o tratamento dos sintomas, caso não haja melhora, deve-se considerar como diagnósticos diferenciais: pancreatite, corpo estranho alimentar, enterite por parvovírus, uremia, cetoacidose diabética, hipoadrenocorticismo, hepatopatia e hipercalcemia, sendo necessários exames complementares.
     O animal com gastrite aguda deve permanecer em jejum de água e alimento por, no mínimo, 24 horas, visando o controle do vômito. Deverá receber atendimento médico veterinário para controle da desidratação e da perda de eletrólitos através da soroterapia e medicações antieméticas e antiácidas por via endovenosa. Alguns casos, como os de gastrite iatrogênica, causada por fármacos, o animal pode precisar receber drogas com a função de proteger a mucosa gástrica. Antes de se reiniciar alimentação deverá receber água fresca em pequenas porções e, permanecendo sem vômito, receberá alimentação pastosa também em pequena quantidade. A saúde do animal é restabelecida com sucesso desde que seja dado o tratamento de suporte, mantendo seu equilíbrio hidro-eletrolítico.
     A gastrite crônica pode ser classificada de várias formas, pode ser linfocítica-plasmocitária, a qual pode ser uma reação imunológica e/ou inflamatória a uma variedade de antígenos, principalmente em felinos, pode ter como agente causador o Helicobacter e em cães, a Physaloptera rara; pode ser eosinofílica, representando uma reação alérgica a um possível antígeno alimentar; granulomatosa, em gatos; pode ocorrer por refluxo de bile e de conteúdo do intestino delgado no interior do estômago, o que constitui um mecanismo fisiológico normal no cão em jejum; existe a gastrite hipertrófica, um distúrbio raro em pequenos animais; e a gastrite atrófica, a qual pode resultar de uma doença inflamatória gástrica crônica e/ou de mecanismos imunes, onde a mucosa gástrica se atrofia e perde sua função secretória. Um corpo estranho gástrico e a ingestão repetitiva de material estranho também constituem causas de gastrite crônica.
     Diferentemente do quadro agudo, o animal pode apresentar vômito uma vez por semana como vários no mesmo dia, havendo também anorexia, geralmente associada à náusea. A inflamação prejudica a motilidade e retarda o esvaziamento gástrico, sendo assim, animais com gastrite crônica podem reter o alimento no estômago por longos períodos de tempo e o vômito ser caracterizado por alimento ingerido há mais de 10 horas. O diagnóstico definitivo da gastrite crônica não é tão simples, sendo necessários exames mais específicos. A ultrassonografia pode revelar a mucosa do estômago mais espessada, porém trata-se de uma informação com baixo valor diagnóstico. Nestes casos é necessária a biópsia da mucosa gástrica para fechar o diagnóstico, devendo ser realizada através da endoscopia. O tratamento e prognóstico para os quadros crônicos dependem da classificação da gastrite.
      A gastrite tende a ter um bom prognóstico quando os animais recebem atendimento médico veterinário em tempo e de maneira adequada. Os proprietários podem preveni-la evitando-se jejum prolongado nos animais, fracionando a alimentação em várias refeições; mantendo uma dieta saudável, a base de ração compatível com a espécie; não fornecendo medicações sem prescrição veterinária e informando ao médico veterinário responsável quando o animal apresentar vômito durante ou após terapia medicamentosa; tendo cuidado com acesso a plantas, produtos químicos e lixo; e buscando atendimento veterinário no início dos sintomas. Dentre as complicações, além da desidratação e desequilíbrio eletrolítico,está a evolução de gastrite aguda para crônica e até mesmo a formação de úlceras gástricas de graus variados.


Referências bibliográficas:

NELSON, R.W., COUTO, C.G. Medicina interna de pequenos animais. Pág. 405-407. 3ª edição, 2006, Editora ROCA.FORD, R.B., MAZZAFERO, E.M. Manual de procedimentos veterinários e tratamento emergencial. Pág. 166-167.8ª edição, 2007, Editora ROCA.GOLDSTON R.T., HOSKINS, J.D.. Geriatria e Gerontologia Cão e Gato. Pág. 205-207. 1ª edição, 1999, Editora ROCA.