Nossos
pets também podem sofrer de gastrite, que nada mais é que uma inflamação da
mucosa do estômago, a qual pode ser aguda ou crônica e tem como principal
sintoma o vômito com início súbito, constituído de alimento e bile, podendo
haver pequena quantidade de sangue. Os cães são mais acometidos que os gatos
por selecionarem menos os alimentos.
A
gastrite aguda pode ser causada pela ingestão de alimentos contaminados,
alimentos fermentáveis e não-digeríveis, objetos estranhos, plantas tóxicas,
substâncias químicas ou fármacos, principalmente os antiinflamatórios não esteroidais
de uso humano, como o diclofenaco, o qual JAMAIS deve ser usado em animais de
companhia, e até mesmo ser decorrente de hemorragia da cavidade oral. Sabe-se
que pode ter causas infecciosas, virais e bacterianas, porém, em medicina
veterinária isso não foi bem identificado.
Entre os
sintomas de gastrite aguda estão o vômito, como já dito anteriormente,
depressão, letargia, pode haver dor abdominal anterior, consumo excessivo de
água e desidratação. A diarreia pode acompanhar ou ocorrer após a gastrite.
O diagnóstico
é dado pelo histórico do animal e pelo exame físico. Nestes casos o animal deve
apresentar melhora dentro de 1 a 3 dias após o tratamento dos sintomas, caso
não haja melhora, deve-se considerar como diagnósticos diferenciais:
pancreatite, corpo estranho alimentar, enterite por parvovírus, uremia,
cetoacidose diabética, hipoadrenocorticismo, hepatopatia e hipercalcemia, sendo
necessários exames complementares.
O
animal com gastrite aguda deve permanecer em jejum de água e alimento por, no
mínimo, 24 horas, visando o controle do vômito. Deverá receber atendimento
médico veterinário para controle da desidratação e da perda de eletrólitos
através da soroterapia e medicações antieméticas e antiácidas por via
endovenosa. Alguns casos, como os de gastrite iatrogênica, causada por
fármacos, o animal pode precisar receber drogas com a função de proteger a
mucosa gástrica. Antes de se reiniciar alimentação deverá receber água fresca
em pequenas porções e, permanecendo sem vômito, receberá alimentação pastosa
também em pequena quantidade. A saúde do animal é restabelecida com sucesso
desde que seja dado o tratamento de suporte, mantendo seu equilíbrio hidro-eletrolítico.
A gastrite crônica pode ser classificada de várias formas, pode ser
linfocítica-plasmocitária, a qual pode ser uma reação imunológica e/ou inflamatória
a uma variedade de antígenos, principalmente em felinos, pode ter como agente
causador o Helicobacter e em cães, a Physaloptera rara; pode ser
eosinofílica, representando uma reação alérgica a um possível antígeno
alimentar; granulomatosa, em gatos; pode ocorrer por refluxo de bile e de
conteúdo do intestino delgado no interior do estômago, o que constitui um
mecanismo fisiológico normal no cão em jejum; existe a gastrite hipertrófica,
um distúrbio raro em pequenos animais; e a gastrite atrófica, a qual pode
resultar de uma doença inflamatória
gástrica crônica e/ou de mecanismos imunes, onde a mucosa gástrica se atrofia e
perde sua função secretória. Um corpo estranho gástrico e a ingestão repetitiva
de material estranho também constituem causas de gastrite crônica.
Diferentemente
do quadro agudo, o animal pode apresentar vômito uma vez por semana como vários
no mesmo dia, havendo também anorexia, geralmente associada à náusea. A
inflamação prejudica a motilidade e retarda o esvaziamento gástrico, sendo
assim, animais com gastrite crônica podem reter o alimento no estômago por
longos períodos de tempo e o vômito ser caracterizado por alimento ingerido há
mais de 10 horas. O diagnóstico definitivo da gastrite crônica não é tão
simples, sendo necessários exames mais específicos. A ultrassonografia pode
revelar a mucosa do estômago mais espessada, porém trata-se de uma informação
com baixo valor diagnóstico. Nestes casos é necessária a biópsia da mucosa
gástrica para fechar o diagnóstico, devendo ser realizada através da
endoscopia. O tratamento e prognóstico para os quadros crônicos dependem da
classificação da gastrite.
A
gastrite tende a ter um bom prognóstico quando os animais recebem atendimento
médico veterinário em tempo e de maneira adequada. Os proprietários podem
preveni-la evitando-se jejum prolongado nos animais, fracionando a alimentação
em várias refeições; mantendo uma dieta saudável, a base de ração compatível
com a espécie; não fornecendo medicações sem prescrição veterinária e
informando ao médico veterinário responsável quando o animal apresentar vômito
durante ou após terapia medicamentosa; tendo cuidado com acesso a plantas,
produtos químicos e lixo; e buscando atendimento veterinário no início dos
sintomas. Dentre as complicações, além da desidratação e desequilíbrio
eletrolítico,está a evolução de gastrite aguda para crônica e até mesmo a
formação de úlceras gástricas de graus variados.
Referências bibliográficas: