A catarata é identificada pelos
proprietários de pequenos animais como “um olho esbranquiçado”, sendo mais
comum em cães, porém também pode acometer gatos. Seu desenvolvimento tem relação
com a genética do animal, mas em geral tem causa desconhecida. Comumente atinge
animais de idade avançada, mas também pode se desenvolver em animais jovens.
O que é visto
pelo proprietário é resultado de uma desorganização das fibras lenticulares que
resulta em perda de transparência do cristalino. Para que animais possam
enxergar, essa transparência é necessária. Com sua opacificação a penetração do
feixe de luz fica prejudicada e consequentemente prejudica-se a formação da
imagem pelos mecanismos neurológicos envolvidos.
A catarata
senil começa a se desenvolver em cães e gatos com mais de 6 anos de idade,
quando observada em animais idosos é considerada de caráter crônico.
Distúrbios,
como uveíte recorrente, glaucoma crônico, trauma, doença degenerativa da retina
ou diabetes melito, podem produzir a catarata em animais idosos. Esta deve ser
diferenciada da esclerose nuclear senil, uma alteração normal em animais
idosos, produzida pela compressão das fibras centrais do cristalino (2).
O diagnóstico é
feito através dos sinais clínicos, porém quanto à evolução e à localização
torna-se necessária a avaliação de um médico veterinário especializado em
oftalmologia.
O tratamento é
exclusivamente cirúrgico, o animal deve apresentar bom estado de saúde, exige
exames pré-cirúrgicos, tem custo elevado e deve ser realizado por um
profissional especializado, exigindo instrumental específico.
Rotineiramente a
cirurgia realizada é chamada de facoemulsificação e pode ser realizada nos dois
olhos aos mesmo tempo(1). Há duas
possibilidades de cirurgia, com ou sem lente intraocular artificial. Animais
que permanecem sem a lente artificial permanecem com hipermetropia(1). Animais
com implante podem desenvolver uveíte crônica de baixo grau, podendo ter
comprometimento da luminosidade ocular e visão(2).
A catarata
pode causar a uma inflamação ocular denominada uveíte, portanto, quanto mais
cedo for realizada a cirurgia, melhor será o resultado por não termos tais
alterações oftálmicas. A cirurgia é contra-indicada em animais com descolamento
ou atrofia de retina. Acima de 90% dos casos são bem-sucedidos quando manejados
e operados de forma correta, porém 100% dos casos desenvolvem uma opacidade
futuramente, principalmente em cães mais jovens, denominada de catarata secundária(1).
Quando madura, a catarata pode levar a luxação do cristalino, podendo resultar em alterações da pressão
intraocular, culminando em lesões típicas de glaucoma crônico. Poodles
miniaturas com mais de 11 anos de idade são predispostos a este quadro(2).
Cães são
predispostos ao desenvolvimento da catarata diabética. Gatos diabéticos com
mais de 4 anos não têm essa predisposição por terem baixa concentração sanguínea
da enzima responsável pela conversão de glicose próxima da lente em sorbitol. A cirurgia pode
ser indicada para esses animais quando diagnosticada precocemente e a doença
estabilizada. Sua rápida evolução pode levar a alterações que dificultam o
procedimento.
Vale ressaltar
que animais impossibilitados de cirurgia e e em tratamento para possíveis alterações como uveíte e
glaucoma, adaptam-se bem ao ambiente e podem levar uma vida normal, não sendo
indicada a eutanásia desses animais.
Referências:
(1)
CRIVELLENTI,
L.Z. , CRIVELLENTI, S.B.. Casos de Rotina em Medicina Veterinária
de Pequenos Animais. Págs. 419-423. Editora ROCA, 1ª Edição, 2012.
(2)
HOSKINS, J.D.. Geriatria e Gerontologia do cão e gato. Págs.297-298.
Editora ROCA, 2ª Edição, 2008.