quarta-feira, 4 de março de 2015

Catarata em cães e gatos

A catarata é identificada pelos proprietários de pequenos animais como “um olho esbranquiçado”, sendo mais comum em cães, porém também pode acometer gatos. Seu desenvolvimento tem relação com a genética do animal, mas em geral tem causa desconhecida. Comumente atinge animais de idade avançada, mas também pode se desenvolver em animais jovens.
O que é visto pelo proprietário é resultado de uma desorganização das fibras lenticulares que resulta em perda de transparência do cristalino. Para que animais possam enxergar, essa transparência é necessária. Com sua opacificação a penetração do feixe de luz fica prejudicada e consequentemente prejudica-se a formação da imagem pelos mecanismos neurológicos envolvidos.
A catarata senil começa a se desenvolver em cães e gatos com mais de 6 anos de idade, quando observada em animais idosos é considerada de caráter crônico.
Distúrbios, como uveíte recorrente, glaucoma crônico, trauma, doença degenerativa da retina ou diabetes melito, podem produzir a catarata em animais idosos. Esta deve ser diferenciada da esclerose nuclear senil, uma alteração normal em animais idosos, produzida pela compressão das fibras centrais do cristalino (2).
O diagnóstico é feito através dos sinais clínicos, porém quanto à evolução e à localização torna-se necessária a avaliação de um médico veterinário especializado em oftalmologia.
O tratamento é exclusivamente cirúrgico, o animal deve apresentar bom estado de saúde, exige exames pré-cirúrgicos, tem custo elevado e deve ser realizado por um profissional especializado, exigindo instrumental específico. 
Rotineiramente a cirurgia realizada é chamada de facoemulsificação e pode ser realizada nos dois olhos aos mesmo tempo(1)Há duas possibilidades de cirurgia, com ou sem lente intraocular artificial. Animais que permanecem sem a lente artificial permanecem com hipermetropia(1). Animais com implante podem desenvolver uveíte crônica de baixo grau, podendo ter comprometimento da luminosidade ocular e visão(2).
A catarata pode causar a uma inflamação ocular denominada uveíte, portanto, quanto mais cedo for realizada a cirurgia, melhor será o resultado por não termos tais alterações oftálmicas. A cirurgia é contra-indicada em animais com descolamento ou atrofia de retina. Acima de 90% dos casos são bem-sucedidos quando manejados e operados de forma correta, porém 100% dos casos desenvolvem uma opacidade futuramente, principalmente em cães mais jovens, denominada de catarata secundária(1).
Quando madura, a catarata pode levar a luxação do cristalino, podendo resultar em alterações da pressão intraocular, culminando em lesões típicas de glaucoma crônico. Poodles miniaturas com mais de 11 anos de idade são predispostos a este quadro(2).
Cães são predispostos ao desenvolvimento da catarata diabética. Gatos diabéticos com mais de 4 anos não têm essa predisposição por terem baixa concentração sanguínea da enzima responsável pela conversão de glicose próxima da lente em sorbitol. A cirurgia pode ser indicada para esses animais quando diagnosticada precocemente e a doença estabilizada. Sua rápida evolução pode levar a alterações que dificultam o procedimento.
Vale ressaltar que animais impossibilitados de cirurgia e e em tratamento para possíveis alterações como uveíte e glaucoma, adaptam-se bem ao ambiente e podem levar uma vida normal, não sendo indicada a eutanásia desses animais.

Referências:

(1)   CRIVELLENTI, L.Z. , CRIVELLENTI, S.B.. Casos de Rotina em Medicina Veterinária de Pequenos Animais. Págs. 419-423. Editora ROCA, 1ª Edição, 2012.
(2)   HOSKINS, J.D.. Geriatria e Gerontologia do cão e gato. Págs.297-298. Editora ROCA, 2ª Edição, 2008.