domingo, 18 de março de 2012

Como está o coração do seu bichinho???

 Com o envelhecimento cães e gatos também podem apresentar problemas cardíacos e o proprietário deve estar atento aos sintomas apresentados para que inicie um tratamento precoce e possa prolongar a expectativa de vida do seu animal de estimação.
          É natural que o animal idoso reduza gradativamente o grau de atividade física com o passar dos anos, mas quando esta redução ocorre de forma abrupta pode ser um indício de doença cardíaca.
     São sinais clínicos de alterações cardíacas: tosse semelhante a um engasgo, principalmente noturna, podendo também ocorrer a qualquer hora do dia; cansaço fácil e intolerância a exercícios; aumento da freqüência respiratória ou dificuldade respiratória, podendo apresentar-se inquieto, com dificuldade para permanecer deitado, buscando manter-se apoiado com os cotovelos no chão e com o pescoço esticado; episódios de fraqueza e desmaios; língua com coloração arroxeada ou azulada (cianose); e em quadros avançados podem apresentar emagrecimento acentuado (caquexia cardíaca). Gatos não costumam respirar com a boca aberta, exceto quando apresentam dificuldade respiratória, podendo ser um indicativo de problema cardíaco.
    Os cães idosos são mais acometidos em relação aos gatos. As cardiomiopatias ou as doenças do miocárdio, apresentam diferentes graus e as mais comuns estão citadas abaixo.
        A insuficiência valvular ou endocardiose acomete mais comumente cães de raças pequenas e médias, de meia idade a idosos e caracteriza-se pela presença de sopro durante a auscultação do coração e tosse em qualquer período do dia, além dos sintomas de doença cardíaca já mencionados.
       Cães de raças grandes ou gigantes, como Doberman, Labrador, Golden Retriever, São Bernardo, entre outras, são mais predispostos ao desenvolvimento da cardiomiopatia dilatada, caracterizada por um aumento generalizado do coração.
     A cardiomiopatia hipertrófica, na qual o coração apresenta um enrijecimento muscular, acomete mais comumente gatos de qualquer raça, sendo pouco comum em cães.
       A endocardiose bacteriana corresponde a uma infecção das válvulas cardíacas por algum tipo de bactéria. É mais comum em cães que em gatos e tem como principal causa a exposição a grande número de bactérias decorrentes do tratamento odontológico para extração de tártaro sem terapia antibiótica prévia.
  Doenças congênitas, ou seja, aquelas que o animal apresenta desde o nascimento, são mais raras, mas também podem acontecer, como a Tetralogia de Fallot e a persistênca de ducto arterioso.
  Raças como Boxer, Cocker e Doberman são exceções e podem apresentar doenças cardíacas sem idade definida.
         Por último vale a pena citar a dirofilariose, uma doença cardíaca causada pelo verme Dirofilaria immitis, popularmente conhecido como verme do coração, o qual se instala no coração de cães e em menor proporção gatos e outros mamíferos, de qualquer idade, causando perda da função cardíaca, tosse crônica e problemas respiratórios. Tem maior prevalência em cidades litorâneas e a doença pode ser prevenida através de vermifugação adequada.
         Para que o clínico possa diagnosticar adequadamente o tipo de problema cardíaco apresentado pelo animal é necessário que sejam realizados exames complementares como raio-x de tórax, eletrocardiograma, ecocardiografia e aferição da pressão arterial sistêmica.Nem sempre a realização de todos os exames é possível devido ao custo dos mesmos, sendo o veterinário responsável pela requisição do exame mais adequado para cada situação.
         O raio-x permite avaliar alterações pulmonares e o tamanho do coração; o eletrocardiograma avalia o ritmo do batimento cardíaco; e a ecocardiografia avalia se a função cardíaca está preservada.
      Após o diagnóstico correto o animal deve receber as medicações adequadas ao tipo de doença detectada e o proprietário deve comprometer-se a medicá-lo diariamente, respeitando os horários e estando atento às recidivas de sinais clínicos. Todo animal com problema cardíaco deve ser pesado regularmente para reajuste das doses e o acompanhamento clínico mensal é indispensável aos animais com doença cardíaca moderada a grave. Para aqueles com doença cardíaca leve recomenda-se no mínimo acompanhamento semestral. Também é importante a redução da atividade física proporcionalmente ao grau de doença apresentada, restrição da ingestão de sal e controle da obesidade (em animais também é responsável por causar hipertensão arterial sistêmica).
         O cuidado com a dieta favorece o bom controle do não desenvolvimento da doença em resposta  à  hipertensão. Rações de baixa qualidade podem não informar o teor de sal de maneira correta, o que pode ser prejudicial ao animal. É indicada uma dieta a base de ração de boa qualidade ou até mesmo rações específicas para pacientes cardíacos. Para aqueles que recebem dieta a base de alimento caseiro, é importante o cuidado com o excesso de sal e não é indicada a restrição total ao mesmo, devendo haver um consumo adequado ao grau da doença.  O proprietário pode adicionar pequenas quantidades de alho e cebola ao alimento preparado, assim torna-o mais saboroso. Animais obesos não devem receber petiscos.
         O prognóstico destes animais é bastante variável, sendo sempre mais favorável quando o diagnóstico correto e a terapia instalada são precoces, aumentando as possibilidades de controle do problema e prevenção da evolução da doença.



5 comentários:

  1. Muito bom Ariane! É ótimo poder acompanhar um blog escrito por uma excelente veterinária. Vou segui-lo. A 'cambadinha' aqui de casa, agradece! rsrsrs. Bjo grande.

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    1. Oi Renata!Que bom que gostou...espero poder contribuir de alguma maneira no dia a dia dos proprietários de cães e gatos...caso tenha alguma dúvida ou sugestão me mande!Super beijo!!!

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  2. Oi Ariane, seria bacana uma matéria sobre alimentação e os alimentos que são estritamente proibidos para cada espécie. Todos nós sabemos que o correto é o animal se alimentar apenas com boa ração, mas no dia a dia, acabamos dando aquele pedacinho pequenino de pão... Seria muito legal uma matéria informativa sobre isso. Os maléficios e o que é permitido. Porque percebo que existe muita desisformação sobre isso e existem muitas dúvidas. Bjão.

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